A Lavagem das Escadarias do Bonfim é a segunda maior manifestação popular da Bahia, depois do carnaval. Esse ritual se repete todos os anos na 2ª quinta-feira do mês de janeiro, depois do Dia de Reis, desde 1754. Todos acompanham o cortejo de branco, que é a cor de Oxalá, o Deus Yoruba sincretizado com Senhor do Bonfim.
Uma quilométrica procissão que dá início na Igreja da
Conceição da Praia em direção a Igreja do Bonfim no Alto da Colina Sagrada,
arrastando uma multidão de fieis e curiosos – cerca de 1 milhão de pessoas passaram
por lá – num percurso de 8 km, acompanhados por baianas que abrem o cortejo com
seus trajes típicos, seguidas pelo bloco Filhos de Gandhi e diversas manifestações
culturais e religiosas.
A caminhada que leva um pouco mais que uma hora impulsiona
uma multidão de pessoas por largas avenidas ao som dos mais variados estilos de
músicas e manifestações religiosas folclóricas e culturais – misturando o
profano e o religioso – por lá passaram políticos, personalidades e muitos
estrangeiros que dificilmente não se
contagiam com tamanha manifestação.
Ao chegar às escadarias da Igreja de Nosso Senhor do Bonfim
as baianas despejam seus vasos com água de cheiro no adro da Igreja e sobre as
cabeças dos fiéis, onde depositam, também, flores ao som do hino do Senhor do
Bonfim num ritual de fé e esperança, pedindo proteção ao santo. Há algumas
décadas atrás, o interior da Igreja era lavado, mas hoje a água é
ritualisticamente derramada fora de Nosso senhor do Bonfim, num gesto simbólico
de purificação.
Nas proximidades da Igreja do Bonfim podem ser encontradas
várias barraquinhas com vendas do delicioso acarajé, bebidas e fitinhas do senhor
do Bonfim – tradicionalmente são colocadas no braço após três pedidos que serão
realizados quando a fitinha cair.
Sobre o Candomblé e o
Catolicismo:
São duas religiões que sempre tiveram procedimentos opostos,
mas que se uniram para um ritual religioso em comum. Nesse dia, católicos e
adeptos do candomblé se misturam numa manifestação grandiosa e de muita fé: várias
etnias, várias crenças, vários estilos musicais – do samba de roda, ao pagode
atual – do sagrado ao profano. A inusitada parceria entre as religiões tem
origem na época da escravatura, quando portugueses e escravos, juntos, preparavam a capela para a festa de
encerramento da novena de devoção ao Nosso Senhor do Bonfim.
Jussara Assunção - MTB/0004840
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